Ser portugês é tambêm uma arte, e uma arte de grande alcance nacional, e, por isso, bem digna de cultura. O mestre que a ensina aos seus alunos trabalhará como se fora um escultor, modelando as almas juvenis para lhes imprimir os traços fisionómicos da Raça Lusíada. São eles que a destacam e lhe dão personalidade própria, a qual se projeta em lembrança no passado, e em esperança e desejo no futuro. E, em si, realiza, deste modo, aquela unidade da morte e da vida, do espírito e da matéria, que caracteriza o Ser.
O fim desta Arte é a renascença de Portugal, tentada pela reintegração dos portugueses no carácter que por tradição e herança lhe pertence, para que eles ganhem uma nova actividade moral e social, subordinada a um objectivo comum superior. Em duas palavras: colocar a nossa Pátria ressurgida em frente do seu Destino.
As Descobertas foram o início da sua Obra. Desde então até hoje tem dormido. Desperta, saberá concluí-la... ou, melhor, continuá-la, porque o definitivo não existe.
"Arte de Ser Português", de Teixeira de Pascoaes
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